14 fevereiro 2006

MATRIX E A FILOSOFIA



O que é Matrix? Controle. A Matrix é um mundo de sonhos gerado por computador... feito para nos controlar..."

[Trecho da revelação feita por Morpheus a Neo]
Em 1999, o cinema americano produziu Matrix, um filme, originalmente subestimado, que arregimentou milhares de admiradores no mundo todo e logo se transformou em uma referência para outras produções cinematográficas.
O fenômeno Matrix pode ser parcialmente compreendido se levarmos em consideração a profusão de influências e temas que aparecem, direta ou indiretamente, no roteiro e nas imagens do filme. Aí vão alguns exemplos: distopia, esperança, filosofia, 1984 de George Orwell, artes marciais, cibercultura, agentes secretos e teorias conspirativas, romance, Alice no país das maravilhas de Lewis Carroll, messianismo (crença na vinda do Salvador: Jesus, Messias, Buda, Rei Arthur), mitologia grega e céltica, Admirável mundo novo de Aldous Huxley, efeitos especiais, nova estética, super-heroística (óculos escuros, roupas pretas de couro e sobretudos substituem, respectivamente, máscaras, uniformes colantes coloridos e capas), ficção científica e assim por diante. Como não dá para falar de todas estas coisas em poucas linhas, vamos especificar: faremos uma rápida comparação entre o filme Matrix e a filosofia grega de Sócrates e Platão.
Para começar, responda rápido: se o contrário de real é irreal, então qual é o contrário de virtual?
Se está se perguntando qual é a relação desta questão com o filme e a filosofia, respondo: tudo.
O filme praticamente começa com a pergunta "o que é Matrix?". Alguém aí se lembra do diálogo entre Trinity e Neo? Então... ela lhe diz: "- É a pergunta que nos impulsiona, Neo. Foi a pergunta que te trouxe aqui. Você conhece a pergunta assim como eu". E ele: "- O que é a Matrix?". Em seguida, a jovem conclui: "- Sim, a resposta está aí. Ela está à sua procura. E te encontrará se você desejar".
Mas e a relação desta passagem com a filosofia? Bem, a filosofia ocidental (o pensamento crítico) surgiu na Grécia Antiga, por volta do século VI a. C., como uma alternativa ao mito (o pensamento ingênuo); ela começa através da pergunta "o que é a realidade"?. De modo geral, naquela época, os filósofos pré-socráticos deram duas explicações. A escola jônica, que se importava mais com a observação da natureza (physis) - daí o surgimento da física e da cosmologia - respondeu que o real é a physis; já a escola eleática, que se importava mais com a abstração - daí o surgimento da metafísica e da ontologia - respondeu que o real é o ser (ontos). Destas considerações, aqui expostas de modo breve e lacunar, originaram as investigações filosófico-científicas posteriores.

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